Um juiz decidiu na sexta-feira que um empreiteiro de segurança pode solicitar indenização punitiva contra a CNN por uma reportagem de novembro de 2021 sobre aproveitadores de guerra que acusaram afegãos de tentarem deixar seu país após a retirada militar dos EUA.
O empreiteiro, Zachary Young, disse que a CNN destruiu seu negócio ao incluí-lo em um segmento do principal correspondente de segurança nacional Alex Marquardt, que se concentrou em como os serviços de evacuação estavam cobrando preços altos dos afegãos.
O relatório utilizou o termo “mercado negro” num gráfico no ecrã e numa introdução falada. Young, a única pessoa mencionada nominalmente no segmento, disse que o relatório deu a falsa impressão de que ele estava envolvido em atividades ilegais e explorando “afegãos desesperados”.
O juiz da Flórida, William S. Henry, já havia decidido que as ações de Young não violavam nenhuma lei e que ele nunca recebeu dinheiro diretamente dos afegãos. A empresa de Young procurou patrocinadores corporativos para pagar pela assistência na saída do Afeganistão.
“Há provas suficientes sobre as quais um júri razoável poderia concluir com clareza convincente que o réu agiu com verdadeira malícia”, escreveu Henry em sua decisão.
Se o caso for a julgamento, um júri será convidado a determinar se os jornalistas da CNN agiram com verdadeira malícia, definida como publicar informações falsas com desrespeito imprudente pela verdade.
Um representante da CNN se recusou a comentar o caso.
A história de Marquardt, que foi ao ar pela primeira vez em “The Lead With Jake Tapper”, relatou que “os afegãos que tentam deixar o país enfrentam um mercado negro cheio de promessas, exigências de taxas exorbitantes e nenhuma garantia de segurança ou sucesso”.
A CNN removeu o termo “mercado negro” da versão web do relatório após a reclamação de Young, e a rede emitiu um pedido de desculpas no ar em 25 de março de 2022, esclarecendo que não estava envolvida em atividades ilegais. Mas Young disse que a rede não retratou completamente a história.
Um julgamento com júri de duas semanas está marcado para 6 de janeiro. Se continuar, os jornalistas e produtores da CNN terão de prestar testemunho público sobre o funcionamento interno da organização noticiosa, alguns dos quais potencialmente embaraçosos.
As evidências do caso incluem mensagens de texto de jornalistas da CNN descrevendo Young como um “maldito” e “um…”. Também tinha um texto que dizia “vamos pegar esse jovem filho da puta…”.
Também há e-mails de editores levantando questões sobre se a história estava pronta para ir ao ar. (O segmento foi aprovado após passar pelo processo de verificação da rede.)