Por THOMAS ADAMSON
PARIS (AP) – Cinco anos depois de uma Incêndio catastrófico reduziu Catedral de Notre Dame numa concha fumegante, os jornalistas tiveram o primeiro vislumbre dos interiores totalmente restaurados da obra-prima gótica durante uma visita ao presidente francês Emmanuel Macron.
A transformação é simplesmente de tirar o fôlego: a luz dança sobre as belas pedras, os detalhes dourados brilham novamente e a majestade do monumento icônico renasce. A partir de 8 de dezembro, os visitantes ficarão mais uma vez maravilhados com a mistura de história e artesanato da catedral.
Aqui está a perspectiva de um repórter:
Navio: pedra brilhante
O navio, antes escurecido por fuligem e detritos, agora irradia um brilho celestial. Os visitantes podem ver a verdadeira cor das paredes da catedral: um calcário lutetiano pálido – nomeado após a palavra romana para Paris, Lutecia – brilhando sob a luz do sol que flui através dos vitrais restaurados. Os novos tons louros acentuam as altas colunas góticas e as abóbadas nervuradas, criando uma atmosfera luminosa e edificante. Os restauradores dizem que é a primeira vez em séculos que a pedra real é exposta desta forma.
O piso de mármore xadrez polido, brilhando sob os pés, é tão liso que parece que você poderia deslizar sobre ele – conectando-se com a parede de treliça dourada da área da capela-mor.
Acima, lustres majestosamente brilhantes pendem de cada arco abobadado, estendendo-se de oeste para leste e lançando uma luz quente e dourada por toda a nave.
O meticuloso processo de restauração envolveu a limpeza de mais de 42 mil metros quadrados de pedra – uma área equivalente a aproximadamente seis campos de futebol – usando cascas de látex inovadoras para remover séculos de sujeira sem causar danos. Os conservadores descobriram marcas de pedreiro gravadas por construtores medievais: vestígios íntimos dos artesãos que moldaram Notre Dame nos séculos XII e XIII.
Esta transformação brilhante contrasta fortemente com os destroços de 2019, quando o navio estava cheio de destroços carbonizados.
Altar: chumbo derretido nas mãos de Cristo
O altar do coro da catedral traz um símbolo comovente da devastação do incêndio. A Pietà de Nicolas Coustou, parte do conjunto Vœu de Louis XIII, sobreviveu praticamente ilesa, mas o chumbo derretido do fogo se fundiu nas mãos de Cristo. Os restauradores optaram por manter isso como um lembrete sutil, mas poderoso, da tragédia.
Ao redor do altar está o intrincado piso de marchetaria, há muito escondido sob camadas de terra, reunidas a partir de fragmentos recuperados após o incêndio.
Perto dali fica a polida Cruz da Glória, que brilhava – literalmente – entre as chamas, agora restaurada em todo o seu esplendor. Emoldurada pela radiante alvenaria loira da nave, a cruz serve como peça central do renascimento da catedral.
Órgão: um renascimento complexo
O grande órgão, um dos maiores e mais lendários da França, passou por um complexo renascimento. Os 8.000 tubos, que variam em tamanho de uma caneta até mais de 10 metros de altura, foram poupados das chamas, mas cobertos de pó de chumbo e foram meticulosamente desmontados, limpos e reajustados. Ao longo de dois anos, este trabalho foi realizado com precisão no interior silencioso e cavernoso da catedral, onde a harmonização foi feita inteiramente de ouvido.
Agora a grandiosidade do órgão é inconfundível. A imponente caixa de madeira, marcada com entalhes deixados por antigos artesãos, brilha sob a luz do sol que entra pelas janelas restauradas do clerestório. Mesmo em silêncio, causa admiração.
Capelas: murais redescobertos
As 29 capelas que circundam a nave e o coro estão repletas de cores e detalhes antes embotados pela sujeira e pelo abandono. Os restauradores revelaram murais intrincados, estrelas douradas nos tetos e motivos vibrantes originalmente criados sob a direção de Eugène Viollet-le-Duc. Cada capela conta uma história única através de seus designs e temas.
A Capela de São Marcel destaca-se como uma obra-prima, o mural das relíquias do santo foi vividamente restaurado. Os visitantes são cativados pelas cores radiantes, criando um efeito semelhante ao da Capela Sistina em Roma: uma queima de fogos de artifício visual. Noutras capelas, vestígios de provas de cor dos pintores do século XIX, escondidos nos cantos, permitem vislumbrar o seu processo artístico.
Travessia do transepto: reconstrução sob pressão
A travessia do transepto, onde ruiu o pináculo original, constituiu um dos maiores desafios do restauro. Acima, as novas abóbadas de calcário luteciano reproduzem os originais medievais com notável precisão.
Abaixo do cruzamento, os arqueólogos descobriram um tesouro histórico: fragmentos do jubé medieval de Notre Dame, ou tela da capela-mor, enterrados nos escombros. Estas pedras esculpidas, algumas das quais ainda apresentam ligeiros vestígios de pintura policromada, proporcionam um raro vislumbre da vibrante história decorativa da catedral do século XIII.
Telhado, pináculo e medidas de segurança
O telhado recentemente restaurado olha para o céu, onde as técnicas medievais da madeira foram recriadas fielmente. A intrincada estrutura de madeira conhecida como “a floresta” permanece escondida sob a linha do telhado, mas um vislumbre das treliças revela a precisão do artesanato antigo e moderno.
No exterior, a torre eleva-se a 96 metros de altura, uma cópia fiel do desenho de Viollet-le-Duc do século XIX. Revestido de carvalho e chumbo, é coroado por um galo dourado com relíquias de São Dinis, Santa Genevieve e um fragmento da Coroa de Espinhos, ao lado de um pergaminho que registra as contribuições para a restauração.
A torre também homenageia o falecido General Jean-Louis Georgelin, que supervisionou o projeto até sua morte em 2023. Seu nome está agora gravado na base.
Há mais nesta restauração do que aparenta. Notre Dame agora possui sistemas de prevenção de incêndio de última geração e sem precedentes para prevenir desastres futuros. Câmeras térmicas monitoram o telhado e um sistema de nebulização fina, projetado para extinguir as chamas na fonte, está perfeitamente integrado à estrutura. Barreiras resistentes ao fogo dividem o telhado em compartimentos, evitando a propagação das chamas.
As linhas reforçadas de abastecimento de água podem fornecer 21.188 pés cúbicos de água por hora, tornando a catedral mais protegida do que nunca.
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