Konstanty Gebert, publicitário da cultura liberal, autor do livro “Uma sala com vista para a guerra. A história de Israel” foi o convidado de Piotr Nowak no programa Jest Subject Dziennik.pl. O tema foram as relações entre as novas autoridades sírias e Israel.
A estabilização da Síria é finalmente possível?
– Não há armas na Síria durante os anos de guerra civil porque os israelenses as destruíram – disse Gebert, referindo-se ao intenso bombardeio de instalações militares e depósitos de munições após a derrubada de Bashar al-Assad.
Segundo o especialista, esta medida criou uma oportunidade para a estabilização política e social na Síria após a mudança de regime.
Israel perdeu uma grande oportunidade?
No entanto, Gebert observou que a decisão de bombardear alvos na Síria, tomada pelo primeiro-ministro israelita, Binyamin Netanyahu, está a ser criticada por uma parte da opinião pública em Israel.
– Alguns comentadores acreditam que Israel perdeu uma grande oportunidade de boas relações com o HTS (Hayat Tahrir al-Sham – a facção mais forte do novo governo na Síria – ed.) ao não permitir que o país adquirisse os arsenais de Assad para assumir o controlo. O líder do HTS disse que a Síria deseja ter boas relações com todos os países da região, incluindo Israel, o que talvez crie uma oportunidade para fazer a paz com Damasco, destacou Konstanty Gebert.
Israel não teve escolha
–Acredito que Israel teve de destruir estes depósitos de armas, mas negou a si próprio qualquer possibilidade de relações calorosas ou mesmo frias com o novo governo na Síria.e, mas isto não significa que estas relações tenham de se deteriorar. Este precedente de uma fronteira fria cheia de armas, mas armas que não disparam, é mutuamente benéfico, disse Gebert.
Os jihadistas não esquecerão a Faixa de Gaza
Segundo Konstanty Gebert, a situação na região não dá esperança de uma paz duradoura entre as novas autoridades sírias e Jerusalém.
– Mesmo que o HTS dissesse sinceramente que queria a paz com Israel, e mesmo que Israel quisesse sinceramente investir em boas relações com os islamitas sírios, Tenho dificuldade em imaginar jihadistas, animados pela vitória, a dizer: já não estamos interessados em Gaza – destacou o colunista da Kultura Liberalna.