Pesquisadores
do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) acreditam que a
liberação do uso de máscaras em ambientes fechados no Rio, decidida na manhã
desta segunda-feira (7) pelo Comitê Científico da prefeitura, é uma
decisão precipitada e que deveria ser realizada em etapas.
O Rio
de Janeiro não é uma ilha, está cercado por outras cidades da Região
Metropolitana, com índices de coberturas vacinais e taxas vacinais diferentes”,
disse o pesquisador em saúde pública Raphael Guimarães.
Segundo
Guimarães, a cidade recebe “um aporte considerável diário de pessoas de vários
lugares”,
e isto deveria ter sido levado em consideração. Ele defende que a medida fosse
realizada de forma gradativa.
Deveria
estar sendo feito primeiro em locais abertos, abertos com aglomeração para só
depois em lugares fechados”, ressaltou.
O
pesquisador reconhece a redução substancial nos índices de contaminação pela
doença no Rio de Janeiro, mas defende um intervalo de pelo menos duas
semanas antes da decisão de flexibilizar o uso do acessório.
Em
duas semanas, já seria possível uma noção sobre aumento de casos ou interrupção
na queda”,
disse Guimarães.
Uma
edição extra do Diário Oficial publicada na tarde desta segunda-feira (7)
trouxe um decreto do prefeito Eduardo Paes (PSD) com o fim da
obrigatoriedade.
O
Rio é a primeira capital do país a fazê-lo.
O
secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, ressaltou, no entanto, que a
exigência do passaporte vacinal continua mantida pelo menos até o fim de março -
ou quando a cidade chegar a 70% da população adulta com a dose de reforço. Hoje
esse indicador está em 54%.
Temos
a menor transmissão desde o começo da pandemia, de 0,3, e uma positividade
menor que 5%, com uma redução gradativa ao longo das últimas semanas”, afirmou Soranz.
Hoje
é cada vez mais difícil ver um caso grave de Covid no Rio por causa da nossa
alta cobertura vacinal”, pontuou o secretário.
Ainda
segundo Soranz, se o carnaval tivesse causado alguma mudança, “a prefeitura
estaria vendo uma alteração nos índices. O Rio tem hoje uma das melhores
coberturas vacinais do país, e certamente uma das melhores do mundo, o que nos
coloca em um cenário, bastante favorável para reduzir medidas restritivas”.
Exceções
Soranz
atentou para casos pontuais para o uso de máscara.
Importante
enfatizar que as pessoas que possuem imunossupressão ou comorbidades
graves e que não tenham se vacinado sigam usando máscara”, afirmou. Pessoas
que estão com sintomas respiratórios também devem usar máscara para evitar
transmissão. Outra ação que a secretaria vai manter é a capacidade de testagem”,
emendou.
De
acordo com Daniel Becker, médico pediatra sanitarista e membro do comitê,
é recomendado que as crianças que ainda não têm as duas doses da vacina ainda
usem máscaras até atingir a cobertura completa.
A
decisão no ambiente escolar ficará a cargo de cada escola, segundo Becker.
Foi
um consenso. Os dados epidemiológicos são favoráveis. Este é o melhor momento
para liberar as máscaras”, disse Becker.
Para
a população adulta, a vacinação completa, no caso, são as duas doses e a dose
de reforço.
(Em foto de outubro de 2021, mulher preferiu
sair de máscara em Copacabana, mesmo após o fim da obrigatoriedade em áreas
abertas - Crédito: Marcos Serra Lima/g1)
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