Em
2020, 599 crianças de até 5 anos morreram pela Covid-19. No ano seguinte,
período em que a letalidade da doença foi mais acentuada, a quantidade de
mortes cresceu para 840. Estes números, coletados no Sistema de Informação
sobre Mortalidade (SIM), totalizam 1.430 mil crianças de até 5 anos vítimas da
Covid-19 nos dois primeiros anos da pandemia no Brasil.
A
média de duas mortes diárias, registrada em 2020 e 2021, parece se manter em
2022. De janeiro a 13 de junho, o Brasil registrou um total de 291 mortes por
Covid-19 entre crianças menores de 5 anos. Os dados, que são revisados e
divulgados em boletins pelo Ministério da Saúde, também apontam que as crianças
entre 29 dias e 1 ano são as mais vulneráveis.
A
vacina pediátrica está disponível para crianças acima dos 5 anos de idade. Sem
doses disponíveis para o público abaixo dessa faixa etária, familiares ficam na
expectativa para proteger os filhos contra o vírus.
Filipe
Pimenta, 38 anos de idade, é analista de departamento pessoal e é pai da
Isabela, de 7 anos, e do Samuel, de 10 meses. Ele e sua esposa, Renata,
contraíram Covid-19 há uma semana e a filha, imunizada com as duas doses contra
o vírus, não apresentou sintoma algum da doença. Isabela tomou a segunda dose
da Coronavac em fevereiro e sobre a decisão de levar a filha para vacinar,
Filipe afirma:
Foi
uma decisão bem tranquila. Eu não tive medo nenhum, confio bastante na ciência.
Acredito que as vacinas são bem seguras, ela não teve nenhum tipo de reação
adversa, nada”.
Filipe
espera que as doses sejam disponibilizadas para outras faixas-etárias para
vacinar o filho Samuel e a família toda estar imunizada contra o vírus da
Covid-19.
Ele
não tomou a vacina ainda até porque não chegou ainda, não está autorizada pra
idade dele, mas, assim que liberar, ele vai tomar também”, finaliza.
A
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), neste momento, avalia o
pedido do Instituto Butantan para a indicação da vacina para crianças de 3 a 5
anos. A condução e o andamento das pesquisas clínicas são de responsabilidade
dos laboratórios patrocinadores e dos pesquisadores. Cabe à Anvisa avaliar os
resultados destas pesquisas.
A Anvisa recebeu o pedido do Instituto Butantan para indicação da Coronavac a
crianças nessa faixa etária no dia 11 de março. Nos dias 17 e 18 de março, a
agência pediu ao instituto dados, resultados ou informações solicitadas pela
equipe técnica. Estas solicitações foram respondidas no dia 2 de junho.
Na
última semana, a Anvisa recebeu os últimos pareceres das sociedades médicas que
estão colaborando com o processo de avaliação de vacinas para o público
infantil e, como parte do processo de avaliação, realizou reuniões com o
Butantan e especialistas externos da área médica que colaboram com a avaliação
da vacina pela Anvisa.
O
processo segue em análise, e ainda não é possível antecipar a data de
conclusão. Pedidos de outros laboratórios a fim de atender o público de 0 a 5
anos ainda não foram feitos.
Como
é a Covid-19 nas crianças
A
manifestação do vírus da Covid-19 depende muito da faixa etária em que a
criança se encontra, segundo a infectologista Joana D’arc. Recém-nascidos e
bebês, que ainda não desenvolveram a comunicação falada, têm o processo de
diagnóstico dificultado, porque não têm o mesmo processo de expressão que uma
criança mais velha. Assim, a percepção dos familiares acaba demorando mais,
pois os primeiros sinais da infecção são inespecíficos, como a criança mais
irritada e sonolenta.
De
forma geral, os sintomas são parecidos com relação a febre, a coriza e os
riscos de complicações respiratórias. A criança não vai ter, talvez, risco de
alterações cardiovasculares, como acontece em alguns adultos que já tinham
doenças crônicas de longa duração como hipertensão ou obesidade”, pontua a
infectologista.
Ainda
que os sintomas possam se manifestar de maneira mais branda nas crianças, a
médica Joana salienta que cada faixa etária pode se comportar de maneira
diferente ao entrar em contato com o vírus. Os recém-nascidos, por exemplo, têm
a maior parte da proteção vinda da mãe. Logo, dependerá do tipo de imunidade
que a mãe tinha durante a gestação e a amamentação.
As
crianças, de forma geral, adoecem menos que os adultos, porque não têm doenças
crônicas nem passaram pelo processo de envelhecimento, fazendo com que a
criança seja mais saudável, mais resistente.
Mas
ela tem o risco de adoecimento, ela tem um risco de complicação como adulto”, alerta a médica.
Um
dos pontos de atenção no tratamento de crianças e adolescentes com Covid-19 é o
desenvolvimento da Síndrome Inflamatória Multissistêmica. Quando já está
curado, o paciente pode ter uma manifestação clínica diferente, desde
surgimento de manchas vermelhas no corpo até quadros graves. Já é de
conhecimento da comunidade médica que algumas crianças desenvolvem certos tipos
de hepatite que podem estar associadas à infecção por Covid-19. Por isso, a
vacinação tem se mostrado tão importante para o público pediátrico.
A
vacina diminui a quantidade de agentes que podem causar síndrome respiratória
aguda”
finaliza a infectologista.
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